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Crise hídrica, a volta das chuvas e as empresas
A crise hídrica é uma realidade que assola a região Sudeste. Muito se tem falado mas até agora nada foi feito pelos governos estadual e federal ou agência reguladoras.
A crise hídrica é uma realidade que assola a região Sudeste. Muito se tem falado mas até agora nada foi feito pelos governos estadual e federal ou agência reguladoras.
O racionamento que antes tinha atingido somente as residências, agora já está afetando as indústrias. Em Minas Gerais, as empresas já foram comunicadas que devem reduzir o consumo em 30%. Mas, com a redução do consumo de água, haverá redução na produção e consequentemente desemprego.
Caso a estiagem continue, as grandes empresas deverão começar a sentir o racionamento a partir de setembro. As grandes empresas possuem ETA (Estação de Tratamento de Água), a maioria já faz o reuso, ou captação direta dos rios.
No Rio de Janeiro, as empresas já estão recebendo agua de reuso, minimizando o volume utilizado dos rios.
A Região Metropolitana de Campinas será extremamente afetada, visto que temos muitas empresas “hidrodependentes”, como o caso da Refinaria de Paulínia, a maior do país. Sem água não há refino de petróleo, o que acarretará efeitos em todo país.
Nós pertencemos à bacia doadora, assim a nossa cota de captação de água foi reduzida, visando aumentar a demanda para a Cantareira, que está em estado caótico.
A estiagem é um problema natural, mas não é o responsável pela crise hídrica, a qual é decorrente da falta de planejamento por parte do governo.
Ano a ano, o consumo foi sendo aumentado, porém, não foram adotadas medidas sustentáveis na mesma proporção.
A solução do governo de unir o Rio Jaguari ao Sistema Cantareira além de ser um programa de milhões também é apenas um paliativo, que vai trazer problemas para nossa região.
Até agora não ouvimos por parte do governo projetos que visem garantir o abastecimento pelos próximos 20 ou 50 anos, com medidas sustentáveis tais como, tratamento e reuso de água, preservação das nossas nascentes, enfim, com relação a medidas a longo prazo, nada foi apresentado.
Há 18 anos, Nova York adotou um sistema junto aos fazendeiros locais e numa distância de 200 km passou a incentivar a preservação das minas. Hoje a cidade é modelo. Para cada um dólar gasto com preservação, evitou-se o gasto de sete dólares para estações de tratamento. Hoje a cidade possui simplesmente sistema de filtragem da água recebida. A população usa água das montanhas.
A Austrália. que é um país praticamente formado por um deserto, é totalmente abastecida por água do mar, que é dessalinizada e distribuída para o país. Apesar de não ser o ideal pelo alto custo, visto que 50% do gasto é com energia, pelo menos é uma saída.
Enfim temos inúmeros exemplos e modelos. O Brasil que tem a maior bacia hidrográfica do mundo e sofre com a falta de água, principalmente na região que representa 60% do PIB.
Agora, com as chuvas de março nossos reservatórios estão um pouco mais cheios, porém o problema continua, mas não ocupa mais as primeiras páginas.
As ações tomadas foram punitivas sendo que aumento das taxas não é solução. Porém, empresas que precisam de água em seu processo já estudam viabilidade de deixar o estado de São Paulo perante a crise iminente.
Vamos aguardar até o próximo apagão ou rodízio de água e o assunto voltará a ser discutido.
Marcia Ramazzini é engenheira ambiental e diretora da Ramazzini Engenharia.
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