Notícias

Desonerar a cadeia produtiva deveria ser prioridade da Reforma Tributária

Especialista avalia que projetos em andamento não reduzirão a pressão sobre o consumo, essencial para o crescimento do país

Autor: Aline MouraFonte: A Autora

Após a aprovação do arcabouço fiscal, nesta terça, 23, o presidente da Câmara dos Deputados, anunciou que o esforço dos deputados se voltará agora para Reforma Tributária. O parlamentar citou a necessidade de aprovação de reforma “justa, simplificada, mais próspera e que traga realmente investimentos externos para o país”.

Na avaliação do tributarista André Félix Ricotta de Oliveira, professor Doutor em Direito Tributário, os projetos em curso no Congresso Nacional não são milagrosos e carecem de melhorias. “Temos que tomar cuidado com a redação do princípio da não cumulatividade do IBS [Imposto sobre Bens e Serviços], para que não ocorra o que aconteceu com o ICMS, no qual o direito a crédito do imposto sofreu inúmeras restrições com fundamento na legislação complementar e nos regulamentos dos Estados. Outro ponto importante é dar atenção à situação das empresas do Simples Nacional, para que estas também concedam créditos para seus contratantes”.

Félix ressalta ainda a necessidade de um olhar especial para a tributação sobre o consumo, excessiva no Brasil e que compromete em cheio a cadeia produtiva. “Na década de 80, a indústria representava 30% do PIB; hoje ela representa 9%. Não há incentivo para termos um novo parque industrial, por exemplo. Por isso, é de fundamental importância desonerar a cadeia produtiva e a tributação sobre o consumo, com mais clareza, mais transparência, menos complexidade e mais segurança jurídica”, considera.

O advogado exemplifica: “Nós temos dois tributos que não existem em nenhum lugar do mundo, que são os irmãos siameses PIS e COFINS, incidentes sobre faturamento e receitas. Independente de lucro ou prejuízo, as empresas pagam. São tributos complicados, que geram muitos embates entre Receita, contribuintes e Poder Judiciário”.

Félix defende que o Brasil privilegie a tributação sobre renda e patrimônio, tal qual outros países, mais desenvolvidos economicamente. “Nos países desenvolvidos, a tributação sobre o consumo é transparente. Nesses países, entende-se que a cadeia produtiva deve ser desonerada porque, no final das contas, quem responde por essa tributação é o consumidor final”.

Traçando um panorama histórico, André Félix lembra que, quando da aprovação da Constituição de 1988, o sistema tributário era mais simples e apresentava uma arrecadação em torno de 23% do PIB. “No decorrer dos anos, os entes políticos abusaram, criando novos tributos, incluindo bitributações sem previsão constitucional através de emendas que foram inclusive chanceladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF)”.

Em sua visão, a Reforma Tributária deveria ser discutida num pacote só, a fim de apresentar um novo sistema tributário nacional, mais simples, que respeite a capacidade contributiva dos contribuintes e que promova a justiça social, privilegiando a tributação sobre renda, lucro e patrimônio.

Fonte:

André Felix Ricotta de Oliveira, professor doutor em Direito Tributário, sócio do Felix Ricotta Advocacia, coordenador do curso Tributação sobre o Consumo do IBET e Presidente da Comissão de Direito Tributário da OAB/SP – Seção Pinheiros.

Informações à imprensa

Sobre a M2 Comunicação Jurídica

A M2 Comunicação Jurídica é uma agência especializada nos segmentos econômico e do Direito. Contamos com diversas fontes que atuam em âmbito nacional e internacional, com ampla vivência nos mais diversos assuntos que afetam a economia, sociedade e as relações empresariais

Atendimento geral à imprensa: (11) 4040-3666

Aline Moura – aline.moura@m2comunicacao.com.br – (11) 97041-7447 (WhatsApp)

voltar

Links Úteis

Indicadores de inflação

08/2024 09/2024 10/2024
IGP-DI 0,12% 1,03% 1,54%
IGP-M 0,29% 0,62% 1,52%
INCC-DI 0,70% 0,58% 0,68%
INPC (IBGE) -0,14% 0,48% 0,61%
IPC (FIPE) 0,18% 0,18% 0,80%
IPC (FGV) -0,16% 0,63% 0,30%
IPCA (IBGE) -0,02% 0,44% 0,56%
IPCA-E (IBGE) 0,19% 0,13% 0,54%
IVAR (FGV) 1,93% 0,33% -0,89%

Indicadores diários

Compra Venda
Dólar Americano/Real Brasileiro 5.9377 5.9387
Euro/Real Brasileiro 6.2696 6.2854
Atualizado em: 27/11/2024 19:42