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Os custos para os empresários se adaptarem aos protocolos sanitários
Além da limitação da capacidade de atendimento e a restrição no horário de funcionamento, outras exigências engrossam a lista de obrigatoriedades do comércio a partir de agora
É chegada a hora da reabertura das lojas. A medida antecipada em algumas cidades do interior mostra que, mesmo com o crescimento do e-commerce durante os primeiros meses da pandemia, há uma boa parcela de consumidores ávida pela compra física.
Para atender a essa clientela, o Plano São Paulo, apresentado pelo governador João Doria, institui uma série de protocolos que devem ser adotados para a reabertura. A medida é dividida em cinco fases e regionalizada de acordo com cada setor.
Habituado a lidar com as recorrentes adversidades econômicas do país, o empresário brasileiro precisa preparar a loja pensando em muitos fatores: medidas protetivas para seus funcionários e clientes, e atender ao protocolo criado pelo governo. Aqueles que se adaptarem mais rapidamente a essa nova dinâmica, terão mais chances de vender e se estabelecer nesse novo cenário varejista que começa a ser construído.
O uso de máscaras, a oferta de álcool 70% a clientes e funcionários e a higienização reforçada de móveis e ambientes são unanimidade entre as medidas de prevenção à doença, uma vez que as atividades possuem protocolos específicos. Em lojas de roupas, por exemplo, os itens devolvidos devem ser colocados em quarentena por 72 horas.
Para serviços estéticos, essas práticas são ainda mais rígidas. Os uniformes precisam ser lavados diariamente, os estabelecimentos são obrigados a fornecer máscaras a quem chega, além de garantir luvas, aventais, óculos e protetores faciais aos funcionários.
Itens como protetor facial, máscaras n-95 e/ou descartáveis, aventais descartáveis e totem dosador de álcool em gel 70% já eram considerados de uso obrigatório pela rede de franquias OrthoDontic. Entretanto, com a nova determinação, o volume de utilização deu um salto. Houve aumento de 30% nos custos de manutenção da rede. No entanto, os maiores gastos aconteceram no primeiro mês e seguem em curva decrescente.
“Muito do que foi adquirido é reutilizável, como termômetro e protetor facial de acrílico. O setor de compras realizou renegociações de compras feitas anteriormente pelos franqueados, proporcionando prorrogação de boletos e novos prazos de pagamentos. O objetivo foi conseguir um fôlego para rede nesta nova realidade”, diz Fernando Massi, sócio-diretor da rede de franquia OrthoDontic.
A dica do empresário é apostar em pools de compras para garantir um melhor preço de mercado devido a quantidade. No caso da rede gerida por Massi, a economia média gerada sobre os preços de mercado ultrapassa 30%. No caso de alguns materiais como aventais descartáveis, por exemplo, chega a 55%.
Com 86 unidades, a rede Sterna Café também precisou se readequar para continuar de portas abertas durante a pandemia. Em uma conta rápida, Deiverson Migliatti, fundador da rede, calcula um montante de R$ 100 mil como custo inicial para garantir os cuidados necessários para cada venda realizada. Novidades como os adesivos de distanciamento de chão e mesa, totem de álcool com cardápio de QR code e o acrílico de proteção de caixa somam R$ 900.
Uma estimativa da FCDLESP (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo) indica que as obrigações acessórias sanitárias, que compreendem os itens mínimos de higiene requeridos pelo Plano SP, custarão para o comércio do estado de São Paulo o montante de R$ 2 bilhões ao mês.
“Um custo invisível numa série de novas obrigações de prevenção virológica e sanitária, que diminui a velocidade da retomada, dificulta a recuperação do comércio local, encarece o produto e aumenta as despesas do varejo”, diz a nota assinada pelo presidente da FCDLESP, Maurício Stainoff.
CARTILHA
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) disponibilizou uma cartilha com procedimentos para a reabertura das empresas e apoia a retomada do comércio, entretanto defende que as determinações ainda limitam muito algumas atividades, especialmente, do Microempreendedor Individual (MEI). Nas palavras de Marcel Solimeo, economista da ACSP, a entidade é a favor da cautela e da proteção de quem vende e compra.
“Entendemos que o modelo que vem sendo utilizado, por exemplo, pelos supermercados, já seria suficiente, com a aferição de temperatura, uso de máscaras e álcool”, diz. “A prática nos mostrará o que é possível e seguro. A retomada já é um avanço”.
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